terça-feira, 28 de junho de 2011

Que consequências para os jovens, desta utilização sistemática das novas tecnologias?

Talvez a pergunta devesse ser feita ao contrário: que consequências para os adultos que lidam com os jovens, especialmente os educadores, da utilização sistemática que eles fazem, das tecnologias digitais?
Podemos considerar, após o estudo feito e os testemunhos dos próprios jovens, que o seu estado natural é "ligado". A atenção destes jovens encontra-se quase sempre dividida e os seus tempos de concentração/atenção passíveis de serem dedicados a ocorrências externas, são partilhados com as mensagens que recebem nos telemóveis, às conversas nos chats enquanto estão por exemplo a fazer TPCs, a música que escutam permanentemente ou até os comentários que leem no Facebook! Tudo, ao mesmo tempo que tentam fazer as tarefas/exercícios que lhes confiaram os professores na escola! Não admira que os educadores/professores e os projetistas de recursos educativos procurem desesperadamente encontrar formas de focar a atenção da juventude escolar. Estes recursos necessitam de ser muito apelativos e não podemos desperdiçar a oportunidade de aproveitar os mesmos meios que os captam (todos os artefatos tecnológicos que usam sem cessar no seu quotidiano) para passar os conteúdos escolares.
Necessitamos de ser criativos e também fazer o esforço de nos atualizarmos nas suas maneiras de se expressarem e de fazerem as coisas, se pretendemos resultados melhores do que os que temos obtido nestes tempos.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Testemunho de quatro jovens sobre a utilização dos media digitais; análise das entrevistas feitas

Escolhi comparar as entrevistas que fiz com as da colega Susana Fonseca devido às idades dos respondentes serem aproximadas e os níveis de escolaridade também pelo menos no que respeita o meu entrevistado do sexo masculino, e o meio envolvente onde se deslocam (arredores de Lisboa e a própria cidade).

Utilização do Computador/Internet

Os respondentes da colega Susana têm ambos três computadores em casa e os meus respondentes, o rapaz tem três e a rapariga tem dois computadores.

Todos possuem internet, desde 5 a 10 anos, e a navegação que fazem na mesma, é diária e não é controlada pelos pais.

No que concerne às utilizações da internet as finalidades são, entre outras, a troca de e-mails, redes sociais, pesquisa e descarga de ficheiros e usam com mais frequência programas como Word, Power Point e Messenger.

Os quatro entrevistados têm uma página/blog, onde, em termos de conteúdos comuns, referenciam livros, música e filmes, assim como fotografias exceto a Maria, respondente de 20 anos, que diz não ter fotografias na sua página. Estes números vão ao encontro do que acontece em outros países, embora com algum atraso; Stern (2008), salientou, “ By 2005, more than one-fifth of online teens in the United States said they had kept a personal home page and nearly as many (19 percent) kept a blog or online journal. “

Os blogs/ páginas estão acessíveis a toda a gente para três dos entrevistados com exceção do António que apenas permite acesso a amigos e todos permitem comentários sem restrições

Utilização do Telemóvel

Todos possuem um telemóvel, apenas o António faz uso da internet no mesmo;

A duração de utilização é variável e verifica-se em metade dos casos, a utilização do mesmo durante as aulas;

A utilização do telemóvel incide bastante nas mensagens, mas este tem outros fins como tirar fotografias ou ouvir música, despertar, marcar datas de aniversário.

Redes Sociais

Três dos entrevistados mostram conhecimento de algumas redes enquanto a Maria, demonstra maior conhecimento do que os outros e está inscrita em várias redes, sendo que todos estão inscritos no facebook, publicando algumas vezes informação pessoal;

Quanto ao alvo das comunicações são apenas amigos para um dos respondentes, amigos e familiares para dois dos respondentes e em dois dos casos também para comunicar com amigos virtuais;

Como aspecto positivo das redes sociais é indicado a proximidade ou reencontro com pessoas distantes; como aspecto negativo, a forma abusiva de utilização por parte de alguns indivíduos e a falta de privacidade.

Segurança na Internet

Os jovens no geral dizem preocupar-se com a sua segurança na internet mas utilizam o seu perfil real!

Como maiores perigos no uso da internet os entrevistados da colega Susana ambos apontam o risco ao conhecer-se alguém, que poderá levar a situações extremas de perigosidade e em um dos casos, foi focada ainda a possibilidade de fraude e engano com o uso de cartões de crédito. De forma similar o meu entrevistado do sexo masculino aproxima-se da ideia de fraude e engano quando indica “ilusão por parte dos “amigos””; a Maria apresenta uma gama de perigos mais diversificada.

Tendências

No que respeita a compras, apenas a Maria diz fazer compras online porque “tem preços mais acessíveis e é mais cómodo”.

Ao nível dos jogos, dois dos respondentes fazem uso dos mesmos, despendendo neles entre meia hora e 2 horas diárias;

Todos conhecem o termo cyberbullying e consideram as fontes de pesquisa fidedignas.

Quanto ao modo como adquiriram as suas competências digitais os entrevistados da colega Susana dizem que sozinhos ou com ajuda de amigos enquanto que o António só aponta a forma como o conseguiu “praticando todos os dias” e a Maria diz que sózinha e recebeu aulas para trabalhar com programas específicos .

Quando se coloca em questão computador ou telemóvel, qual o mais essencial, três optam pelo computador e um pelo telemóvel.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Continuando a análise da construção da identidade social dos jovens e a influência dos media digitais



Esta é uma reflexão que se pode estender muito, levando em consideração o grande desenvolvimento dos media digitais e a dimensão da criatividade dos jovens na utilização e aplicação dos mesmos.

danah boyd, da universidade de Berkeley, na Califórnia, estuda e analisa em profundidade o fenómeno da adesão dos jovens às redes sociais MySpace e Facebook, procurando descobrir o que os leva a expressarem-se através destes veículos, o que induz a sua participação em tão grande número e o que retiram daí e em que são diferentes estas interações das que se realizam faca a face. Quais são as implicações em termos das suas identidades e principalmente como é que as atividades que desenvolvem contribuem para a formação da sua identidade, que negociação se desenrola entre os pares online?

Por sua vez para VYGOTSKY (1994) o efeito do uso de instrumentos sobre os homens é fundamental não apenas porque os ajuda a se relacionar mais eficazmente com seu ambiente, como também devido aos importantes efeitos que o uso de instrumentos tem sobre as relações internas e funcionais no interior do cérebro humano.


Weber e Mitchel também se questionam sobre a influencia dos media nos jovens "And so, returning to our image of the techno-newborn, we ask: Who is this new baby and
who will she become? How will she view herself in relation to her peers as she approaches adulthood? How will she use technologies to express and learn about herself?"

"youth are using a wide range of digital media that facilitate social interaction, from MySpace.com and instant messenger systems to video production and editing equipment, to organize access to and production of digital output such as the texts of online debate, Internet data (audio, visual, and textual), and text messages." Goldman, S.; Booker, A., & McDermott, M. (2008).

Susanha Stern entrevistou jovens americanos de centros urbanos entre os 12 e os 21 anos, sobre a produção de sites e blogs: "As one youth blogger put it, “Anybody who is anybody has a web site.” Indeed, for many, online presence is synonymous with authentic presence.". A autora concluiu que os jovens criam sites e blogs, expressando-se online como forma de afirmação pública, mas de certo modo protegida pela maneira como se representam e avaliam a impressão que produzem nos outros, escolhendo o que querem mostrar sobre si e como e aproveitando o feedback dado pelos leitores para ajustar o que consideram menos aceitável. Os jovens fazem alterações nos seus sites que teem uma natureza evolutiva e aprendem a aplicar esses princípios ao processo de construção da sua identidade.

Na opinião de Stald, o telemóvel tem um valor simbolico e um efeito potencial nas identidades dos jovens, conforme se pode verificar pelo excerto que se segue: ...this article illustrate just some of the potential implications
of new mobile communication devices for the formation of young people’s identities
in the contemporary world. The mobile has an immediate symbolic value to young users, not least through the technological possibilities and through the appearance of the device itself."




Bibliografia

Weber, S.; Mitchell, C. (2008). Imaging, Keyboarding, and Posting Identities: Young People and New Media Technologies. In Youth, Identity, and Digital Media: 25-47.


Stern, S. (2008). Producing Sites, Exploring Identities: Youth Online Authorship. In Youth, Identity, and Digital Media: 95-117.


Boyd, D. (2008). Why Youth ♥ Social Network Sites: The Role of Networked Publics in Teenage Social Life. In Youth, Identity, and Digital Media: 119-142.


Stald, G. (2008). Mobile Identity: Youth, Identity, and Mobile Communication Media. In Youth, Identity, and Digital Media: 143-164.


Goldman, S.; Booker, A., & McDermott, M. (2008). Mixing the Digital, Social, and Cultural: Learning, Identity, and Agency in Youth Participation. In Youth, Identity, and Digital Media: 185-206.


Yardi, S. (2008). Whispers in the Classroom. In Digital Youth, Inovation, and the Unexpected: 143-164.


Huffaker, D.; Calvert, S. (2008). Gender, Identity and Language Use in Teenage Blogs. In Journal of Computater-Mediated Comunication, 10 (2), article 1.


Schmitt, K.; Dayanim, S.; & Matthias, S. (2008). Personal Homepage Construction as an Expression of Social Development. In Development Psychology, 44 (2), 496-506.