segunda-feira, 30 de maio de 2011

Relação entre a construção da identidade dos jovens e os media digitais

Os media digitais poderão estar a preencher um espaço de tempo que antes era ocupado pela maior proximidade de pais e avós, que estavam presentes fisicamente quando as crianças e os jovens vinham da escola. Atualmente as famílias transformaram-se, os avós também diminuíram a sua presença, pois a maioria não vive no mesmo espaço físico e os pais passam muito mais tempo no trabalho e fora de casa, acrescido a que o mesmo acontece com os jovens que estão mais tempo na escola e com o seu grupo de pares. O tempo que os jovens estão sozinhos em casa, é muitas vezes ocupado pelas novas tecnologias; os jovens jogam jogos no computador, navegam na internet, vão às redes sociais, ouvem música nos seus dispositivos tecnológicos, conversam através da net ou do telemóvel, envolvendo-se profundamente nestas atividades. O envolvimento é tão intenso que passou a ter prioridade sobre as pessoas que partilham o mesmo espaço físico e assistimos diariamente à sobreposição e até ao conflito entre a comunicação que possa estar a ocorrer com aquelas pessoas naquele espaço e as mensagens enviadas por telemóvel ou internet, sendo que as últimas quase sempre ganham a atenção dos envolvidos em detrimento da companhia real das pessoas!

domingo, 15 de maio de 2011

Ainda sobre a questão da Identidade

Deixo aqui este vídeo do youtube que me pareceu ilustrar, em certa medida, questões de identidade e que, um pouco na ótica de Buckingham (2008), são definidas por um lado como algo único que nos distingue dos outros, mas por outro como algo que nos identifica com os outros quando partilhamos valores, interesses, cultura. E mesmo que os nossos valores, interesses e cultura sejam diversos, continuamos tendo em comum a nossa humanidade.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Os adolescentes e a Construção da Identidade Social

A combinação destes dois temas representou um desafio, uma vez que apesar da leitura aturada dos textos disponibilizados pelas professoras, como apoio, e de outros que consultei na net, foi complexo, para mim, articular as ideias e relaciona-las.Demorou tempo e exigiu muita reflexão. A adolescencia é um período na vida do ser humano que é incerto quanto ao seu términus, embora se aceite de forma geralmente pacífica que se inicia com as alterações pubertarias e é uma construção relativamente recente das nossas sociedades modernas. Por sua vez, o conceito de identidade social também não é algo fácil de definir e delimitar, e a ideia de construção dessa identidade social muito menos, porque implica um processo em curso de realidades complexas.

Por isso, foi muito bom poder ler aquilo que os colegas escreviam no fórum e refletir, concordando ou mesmo discordando de algumas coisas, o que tornou mais fácil construir o meu próprio pensamento sobre o assunto e finalmente postar também as minhas conclusões no fórum respetivo.

Além disso, achei por bem retirar alguns excertos dos textos que os colegas postaram nesse mesmo fórum e que focavam aspetos que achei interessantes acerca deste assunto.

Aqui ficam eles:

“Uma das ideias principais dos textos fornecidos está na construção da identidade no período da adolescência.

De facto, é na adolescência que se torna mais evidente a procura da nossa identidade, também por culpa das transformações físicas do corpo, que nos leva a pensar nas celebres perguntas: "Quem sou eu?", "O que faço aqui?", "Para onde vou?", "O que valorizo?". Conforme Erikson (1972) a identidade é uma concepção de si mesmo, composta de valores, crenças e metas com os quais o indivíduo está solidamente comprometido.
Cabe a cada um de nós construir a identidade pessoal com o auxilio de quem nos rodeia, é pois um processo colaborativo. “ Emanuel Silva

“a identidade (Self) é um sistema muito complexo e dinâmico que envolve diferentes crenças que o indivíduo considera verdadeiras em relação a si próprio, sendo que cada crença tem um valor associado…” Ivone Máximo

“Assim, de que forma estes factores poderão perturbar a construção da identidade dos adolescentes? Será que passaremos por uma crise de construção de identidades? Como será a construção da identidade destes jovens com acesso a meios tecnológicos com visões e perspectivas cada vez mais alargadas, mas em contrapartida, sem apoio na sua formação de valores e apoiados no descomprometimento. “ Lisete Lapa

“…penso que a construção da identidade é um processo que se desenrola, independentemente de estarmos numa era tecnológica, embora possa decorrer de modo diferente. Não julgo que estejamos numa época de crise de identidade, pois em todas as épocas de mudança, a construção da identidade acompanha essa mesma mudança.” Clara Pereira

“Na minha opinião, e porque a identidade resulta também das relações que ao longo do tempo vamos estabelecendo com os outros, não podemos afirmar que ela esteja construída no final da adolescência ou até defina o seu final.” Margarida Correia”

“E contextualizando na nossa época, uma época caracterizada pela globalização, pela tecnologia e pelos meios digitais como forma de comunicação e socialização, que atividades podem promover as escola, os pais e sociedade para a construção da identidade?” Vitória Silva

“Importa também dizer que embora o jovem adolescente sinta a necessidade de estar em linha (online), e desta forma contribuir para a construção da sua identidade enquanto nativo digital, o seu espírito de curiosidade em experimentar novas situações, a possibilidade de criar um perfil ideal, onde não existe acne, não se é nem demasiado gordo, nem demasiado magro, nem muito alto, nem muito baixo, todos estes complexos são temporariamente colocados de lado.” Jorge Soares

“Mas será que podemos definir uma fronteira / um marco para a afirmação da identidade? Julgo que não! A construção da identidade ocorre ao longo da vida do indivíduo, está assente numa dinâmica social que é sujeita a relações sociais. E se muitos estudos realizados em escolas, com os mais diversificados grupos de alunos, nos conduzem para outras questões, podemos afirmar que a construção da identidade assenta em percursos diferentes, consoante cada indivíduo, tendo em conta os seus valores, crenças, e objetivos.
...A construção da identidade depende sobretudo das influências hereditárias, do meio social onde o indivíduo se insere e claramente das experiências realizadas ao longo de importantes fases da vida.” Miguel Coelho

“Quando as culturas se tocam ou se sobrepõem, em torno do que cada uma considera o que é bom ou mau, podemos questionar se existem valores universais, comuns a todas as culturas, ou se tomamos por universal os valores de uma cultura que pretende ser a cultura dominante.
Neste sentido e tendo em conta que a web e as redes sociais facilitam e ampliam a comunicação planetária, seria importante aferir se estes meios tendem a hegemonizar uma cultura dominante ou se, por outro lado, promovem a miscelânea de culturas.” Jorge Delmar

"A identidade, segundo Buckingham (2008) é definida por um lado como algo único que nos distingue dos outros, mas por outro lado como algo que nos identifica com os outros, que partilhamos em comum (valores, interesses, cultura). Torna-se difícil encontrarmo-nos a nossa identidade quando há uma maior incerteza e fragamentação.
Cada vez é mais difícil falar de identidade devido:
• à globalização;
• ao declínio do bem estar;
• ao aumento de mobilidade social;
• à maior flexibilidade no emprego;
• à insegurança nas relações pessoais (devido ao fraco comprometimento entre os indivíduos)." Teresa Kuffer


De acordo com a wikipédia o conceito de identidade pessoal é reconhecido como uma parte do conceito próprio do índivíduo que decorre do sentimento de pertença a um grupo social relevante. Henri Tajfel e John C. Turner que desenvolveram a Teoria da Identidade Social introduziram o conceito de identidade social como uma forma de explicar o comportamento de grupo e entre grupos.

Alguma reflexões sobre o Perfil do estudante digital

“…just knowing how to use particular technologies makes one no wiser than just knowing how to read words” is a quote from Prensky’s recent paper on ‘Digital Wisdom’. In the journal ‘Innovate’

Foi para mim muito interessante trabalhar e refletir sobre as terminologias e classificações de Prensky, o qual divide os utilizadores das tecnologias digitais em nativos e imigrantes digitais. Ele relaciona cada uma das classificações anteriores com modos diferentes de utilizar essas tecnologias e com a idade dos utilizadores, sustentando que os utilizadores mais novos, que já nasceram num ambiente tecnológico, são mais fluentes do que os mais velhos, que tiveram de aprender a lidarem mais tardiamente com isso.
“One thing we will observe is that even when Immigrants use the exact same technology such as eBay, or blogs, Natives and Immigrants typically do things differently. This often causes dissonance and disconnect between the two groups"
(Prensky, 2004)

Creio que esta dissonância aconteceria mesmo fora do ambiente virtual, porque o que me parece que está em causa, são as diferenças de idade; pessoas de idades diferentes fazem abordagens diferentes aos mesmos assuntos. A argumentação de Prensky é sedutora quanto à maneira como classifica os utilizadores, comenta aquilo que os nativos digitais fazem de forma diferente dos imigrantes digitais e até refere que há investigadores que defendem que o nosso cérebro se modifica e faz ligações diferentes, quando nos debruçamos sobre algo novo, assimilando e integrando essa situação nova e de algum modo aumentando a sua capacidade! Contudo, não vejo nada de extraordinário nesta capacidade que tem a ver com a neuroplasticidade do cérebro e que se aplica a qualquer situação e não só aos jovens que utilizam diariamente os artefatos tecnológicos e porque teem tempo, são curiosos e não teem medo das consequências de estragar os equipamentos, se tornam mais rápidos e fluentes do que os imigrantes digitais. No fundo, esta classificação, um pouco pomposa, deriva, em minha opinião, das diferenças normais que se produzem na forma de atuar de seres humanos com idades diferentes e que reagem de forma diferente de acordo com experiências prévias de vida. De um certo modo, David White, que avança com uma terminologia diferente, criando os conceitos de residente e visitante digitais, também eles muito apelativos, complementa esta ideia de Prensky, não de forma intencional, mas ao defender que a forma como cada indivíduo se relaciona com a Web e se aproxima mais de uma ou outra categoria, depende das suas motivações, o que também não é nada de novo; na realidade a razão para qualquer comportamento está intimamente ligada com a motivação que o induz, mas também com a vivência anterior de cada um. Por isso, julgo que se pode dizer que existe uma relação entre a idade dos utilizadores e o que fazem na net e como o fazem e as suas motivações. Então, qual o perfil do estudante digital? Qual é a sua relação com a Web? Precisa de dominar razoavelmente os artefatos tecnológicos, mas não precisa de ser um nativo digital ou um residente digital. Nada impede, porém, que seja um residente digital ou um nativo digital. Optou por ser estudante digital, provavelmente por razões de comodidade ou situação geográfica. Poderá estar longe de qualquer escola ou universidade, pode não ter tempo para se deslocar ou não ter horário que lhe permita frequentar a escola ou estar de alguma forma condicionado. O que é importante é que graças à Web, internet e à tecnologia, pode ultrapassar esse inconveniente e mesmo assim prosseguir estudos. É de fato uma grande vantagem!

BiBLIOGRAFIA
Prensky, M. (2004) The Emerging Online Life of the Digital Native: What they do differently because of technology and how they do it. 1-14.
Prensky, M. (2001) Digital natives, digital immigrants. In On The Horizon (Vol9, nº 5). NCB University Press.
Link: Residentes Vs Visitantes Digitais?!
http://tallblog.conted.ox.ac.uk/index.php/2009/10/14/visitors-residents-the-video/